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Aparecida Euripa Ribeiro

Aparecida Euripa Ribeiro: Quase meio século de vida em prol da Educação 

Aparecida Euripa Pereira Ribeiro, mais conhecida como “Cida” ou, simplesmente, “Cidinha professora”, nasceu no dia 24 de junho de 1960, pelas mãos das parteiras Diomara e Maria Flora, no povoado de Santa Bárbara, localizado no município de Sacramento, Estado de Minas Gerais, sendo a filha primogênita do casal Lair Euripa Pereira e Moisés dos Reis Pereira.   

Aparecida Euripa passou sua infância, adolescência e boa parte da vida adulta, no povoado de Santa Bárbara.  Naquela época, as brincadeiras de criança eram: “queimada, biscoitinho queimado, pula corda, morto ou vivo, pega-pega, estátua, esconde – esconde”, entre outras; os recursos eram escassos e o acesso à educação restrito.  Desde pequena, Aparecida começou a ajudar sua mãe, Lair Euripa, a tecer cobertas, tirar leite, fazer polvilho, farinha de milho e de mandioca; e também nos demais serviços domésticos.

Amorosa, Aparecida Euripa sempre foi dedicada à família e aos cuidados pelo próximo. Em meio às inúmeras dificuldades, ela foi alfabetizada na própria comunidade de Santa Bárbara, localidade na qual passou a desempenhar papel de liderança social e religiosa, se tornando catequista e professora. De acordo com Leandro Antônio Pereira, “Aparecida sempre teve vocação para ser educadora e, com a saída da antiga professora do arraial de Santa Bárbara, ela agarrou a oportunidade, exercendo a função com muita dedicação, respeito e amor, alfabetizando várias gerações de crianças”. Maria Clara, sua filha, nos relatou que a mãe Aparecida Euripa começou a lecionar no modelo antigo; naquele tempo não havia exigência do diploma de ensino superior para lecionar, sendo necessário apenas comprovar a própria competência. Por conta disso, ela começou a atuar como professora e, posteriormente, cursou o segundo grau com telecurso. Maria Clara recordou ainda que, no início da docência, sua mãe enfrentou inúmeros desafios: a escola não dispunha de boa estrutura, as series eram dispostas todas em conjunto e não existia transporte escolar.  Na ocasião, Aparecida atuava como professora, também realizava a faxina e fazia o almoço, ou seja, era a única servidora da localidade.  Diante das inúmeras dificuldades para manter a escola da comunidade de Santa Bárbara, ela foi fechada e os alunos transferidos para a escola Municipal Dona Maria Sant’Ana, localizada na comunidade do Quenta Sol.

Aos 35 anos, Aparecida Euripa se casou com Evaristo Ribeiro Neto; dessa união nasceu Maria Clara Ribeiro. Após o matrimonio, Aparecida continuou exercendo o cargo de professora e, nas horas vagas, principalmente nos finais de semana, ajudava o marido na lida no campo e nos afazeres da roça, como por exemplo: cuidar das plantas, dos animais e tirar leite. A vivência no campo foi muito prazerosa; ela gostava de cuidar das plantas e dos animais; sua relação com a natureza era de muito respeito e amor.   Nesse período, Aparecida lecionava na comunidade rural do Quenta Sol; na ocasião os alunos e professores já dispunham do transporte escolar para irem até à escola. Os cuidados dedicados às crianças se iniciavam no próprio transporte escolar; preocupada com o bem estar dos alunos, ela observava se havia alguma criança indisposta; e, caso houvesse, ela imediatamente providenciava algum remédio caseiro, à base de plantas medicinais.  

Em 2016, as dificuldades vivenciadas no campo, em especial aquelas relativas ao pagamento do aluguel do sítio no qual a família residia, assim como a busca por melhores oportunidades para a filha Maria Clara, fizeram com que todos se mudassem  para a cidade de Sacramento; foi então que Aparecida passou a lecionar na Escola Coronel Júlio Borges, localizada na comunidade de Jaguarinha, como professora eventual, aí estabelecendo profundos laços de amizade graças ao seu trabalho e simpatia.

Maria Clara relata que sua mãe é seu maior exemplo na docência, frisa que apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos professores, Aparecida nunca deixou de acreditar na capacidade transformadora da educação, gostava de fazer tudo com excelência, da melhor forma possível, não deixando nada para depois, sendo que as atividades eram executadas com amor, carinho e dedicação. Ela também estava atenta às diversas realidades vivenciadas pelos alunos e, para além do conteúdo formal, Aparecida levava amor e alegria a todos.     

Na Paróquia da Abadia, Aparecida era catequista e participava também de forma efetiva nas atividades desenvolvidas pela igreja; ajudava no encontro de jovens. Caridosa, ela também recolhia alimentos e montava cestas básicas para distribuir às famílias, mais necessitadas.   Em 24 de agosto de 2021, Aparecida Euripa Ribeiro faleceu em decorrência de complicações causadas pela COVD-19, deixando seu legado para a educação de Sacramento, e colocando o amor pela profissão como a base primordial do ensino. Foi inspirada nos ensinamentos e dedicação de Aparecida que a Escola Municipal Coronel Júlio Borges dedicou à memória dela os mais sinceros votos de estima e admiração: 

“Ser professor é ser maior...

Aparecida Euripa, nossa querida Aparecidinha!

Quantas viagens juntas...

Passamos por ruas, estradas e buracos...

Não nos faltaram obstáculos. E você ali dizendo:

“Dá nada não... só uma poeirinha pouca!”

Você sempre disposta a estender a mão a um colega de profissão ou aluno...

E nossos pirulitos???

Juntos, percorremos quilômetros, nos apoiando nas curvas.

Mas dessa vez a “poeirinha” passou, você se foi ... chegando o momento de cada um de nós seguir o seu caminho.

Mas nossas experiências, até aqui compartilhadas neste percurso, serão a força para chegarmos ao nosso destino.

A despedida foi necessária, até podermos nos encontrar outra vez!

Fica aqui o nosso reconhecimento e gratidão pelos anos dedicados à educação.

E não “cairemos antes do tiro” por você!

De onde estiver, receba nosso carinho pelo Dia dos Professores!”

 

É, portanto, com profunda satisfação que a Secretaria Municipal de Cultura, através do seu Setor de Patrimônio, homenageia a professora Aparecida Euripa Ribeiro com a publicação de sua biografia no projeto “Gente que Educa: História de Quem Faz da Educação um Lema de Vida”. Ela dedicou quase meio século de vida à educação e, em decorrência do excelente trabalho desempenhado, foi indicada pela população de Sacramento para receber esta merecida homenagem.   

Deixamos aqui nossos sinceros agradecimentos a esta marcante personalidade de nossa terra. 

Referência:

RIBEIRO, Maria Clara Aparecida. Entrevista concedida a Eliana Garcia Vilas Boas; sobre a vida e obra de Aparecida Euripa Ribeiro. Sacramento 05 de outubro de 2021. Disponível no Arquivo Público Municipal. 

Agradecemos os subsídios que nos foram fornecidos por Leandro Antônio Pereira, assim como a homenagem da Escola Municipal Coronel Júlio Borges.  

Fonte

Secretário de Cultura: Luiz Carlos de Souza Júnior / Texto: Eliana Garcia Vilas Boas/ Revisão: Dimas da Cruz Oliveira / Arte: Alessandro Abdala. 

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