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Sarau das Bititas: O que é ser poeta?

Homenagem à Carolina Maria de Jesus

Não digam que fui rebotalho,
que vivi à margem da vida.
Digam que eu procurava trabalho,
mas fui sempre preterida.
Digam ao povo brasileiro
que meu sonho era ser escritora,
mas eu não tinha dinheiro
para pagar uma editora”.
"Quarto de despejo", 1960.
 

A Associação Companhia Movimento Cênico promoveu, no último domingo (19 de março), na Comunidade de Santa Maria, o “Sarau das Bititas: O que é ser poeta?” 

O encontro realizado nas dependências do Instituto Cultural Leopoldina Geovana de Araújo (INCLA) foi um momento único de partilha entre artistas e poetas sacramentanos e conquistenses. 

O Sarau das Bititas é um projeto criado no ano de 2021, pela Associação Movimento Cênico, e presta homenagem à escritora sacramentana Carolina Maria de Jesus. 

Trata-se de uma proposta de imersão cultural e literária que se caracteriza pela valorização e incentivo à leitura e também pretende divulgar os diversos segmentos artísticos da cidade de Sacramento, além de viabilizar a interação com poetas da região.  

A abertura do Sarau foi realizada pela historiadora Eliana Vilas Boas, que agradeceu a presença de todos e falou a respeito da vida de Carolina e da seleção do material exposto. Ressaltando ainda, a importância da iniciativa na promoção da cultura local e regional.
 
 O “Sarau das Bititas” - contou com a participação de vários poetas, humoristas e artistas. Dentre eles: José Belisário, Antônio Donizete, José Luís Moraes, Valdemiro Caetano Braga Júnior, Lucas Gabriel Menezes Braga, José Garcia e Jhonata Moreira Marques, Álvaro Juarez Moreira, entre outros.  

Em especial, destacamos nessa edição a participação infantil protagonizada por: Mariana Mello, Janaina Mello, Amélia de Oliveira Santana e Alice de Oliveira Santana, que se apresentaram com muito entusiasmo e alegria, proporcionando momentos descontraídos.
  
Na ocasião o público também prestigiou a exposição “Revivendo Carolina: Retratos e Poemas” que destacou o potencial literário da escritora, principalmente “como poetisa, mulher negra e artista emancipada, símbolo de resistência e de luta política e cultural para o país”. Os poemas apresentados buscaram retratar a vida e obra de Carolina, sendo que as fotos trouxeram uma escritora realizada e com semblante feliz. 

Mônica Mello, associada no Instituto Cultural Leopoldina Geovana de Araújo ressaltou o sucesso do evento: “tivemos a honra de ter à casa cheia, contamos com a presença de vários poetas e membros da comunidade. Estou convicta que nossos esforços na valorização da cultura local criam raízes solidas”.

Agradecemos a Secretaria Municipal de Cultura pelo apoio e aos artistas e poetas que participaram do Sarau. Em especial, estendemos os nossos agradecimentos a todos que prestigiaram.


Sobre Carolina Maria de Jesus - 1914-1977
Carolina nasceu em Sacramento em 14 de março de 1914; na cidade cursou até o segundo ano primário no Colégio Allan Kardec. Aos 23 anos se mudou para São Paulo em busca de melhores condições de vida; viveu na favela do Canindé por muitos anos, onde trabalhava como catadora de materiais recicláveis. Nessa ocupação administrava seu próprio tempo e, nas horas vagas, escrevia poemas, contos, peças teatrais, romances, provérbios, diários pessoais e compunha músicas. Sua escrita é um testemunho autobiográfico de fundamental importância, pois representa sua percepção em relação às problemáticas sociais, culturais e políticas, tais como as precárias condições de vida na favela, a violência contra a mulher, o preconceito racial, a desigualdade social, o machismo, dentre outras.

 Em 1958, Carolina foi “descoberta” na Favela do Canindé pelo repórter Audálio Dantas; e em1960 foi publicado seu primeiro livro: “Quarto de Despejo – o diário de uma favelada”. A publicação causou grande impacto; essa repercussão se deu principalmente por retratar as condições de vida dos menos favorecidos. A questão do relato foi de fundamental importância para o sucesso do livro. Carolina também é a autora de “Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada” (1961), “Pedaços da Fome” e “Provérbios” (1963) e “Journal de Bitita”, livro de memória póstuma, publicado na França em 1982, e lançado no Brasil pela Editora Nova Fronteira, em 1986, sob o título “Diário de Bitita”.Este livro resulta da divulgação de dois cadernos de manuscritos autobiográficos entregues por Carolina, em 1975, às jornalistas francesas Clélia Pisa e Maryvonne Lapouge, que vieram ao Brasil para entrevistar mulheres de destaque. De um grupo de vinte e seis mulheres selecionadas, Carolina era a única negra. Além dos livros publicados, ela também lançou um disco, em 1961, onde canta suas composições. Em 2021, a editora Companhia das Letras, publicou uma nova edição de “Casa de Alvenaria” contendo dois volumes.


Carolina de Jesus morreu em 13 de fevereiro de 1977 em Parelheiros (SP), sua reputação, porém, tem experimentado extraordinário crescimento nas últimas décadas.


Em 25 de fevereiro de 2021 Carolina Maria de Jesus recebeu como homenagem póstuma o título de doutor “Honoris Causa” da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  
 

A Associação Companhia Movimento Cênico é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 29 de janeiro de 2011

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