Apresentamos o depoimento do carnavalesco Marcos Botelho Bonatti, literalmente nascido no Carnaval de Sacramento! Marcos conta com apaixonante entusiasmo sua trajetória durante 43 anos de participação na avenida:
"Nasci em 1966 em Sacramento/MG. Sou Filho de Ary Sousa Bonatti (in memorian), e Luciana Botelho Bonatti. Participo do carnaval desde que me entendo por gente, eu nasci num sábado de carnaval! Meus pais sempre foram carnavalescos, devo ter herdado a tradição. Quando criança não perdia uma matinê no clube, esperei ansioso, até poder participar dos bailes noturnos. Sempre fui ligado à música e à percussão, o incentivo veio dos meus pais e do LELINHO (Pucci).
Quando compraram os primeiros instrumentos para o Sacramento Clube em 1977, participei ativamente de todos os ensaios, mas no dia do desfile, tive uma grande decepção, pois o Juizado havia baixado uma portaria estabelecendo que menor de idade não poderia desfilar. Recebi a notícia do mestre de bateria, o MIRANDINHA (André Meirelles). Até hoje brincamos com a situação dizendo que foi ele quem não me deixou participar "por eu ser muito novo". Portanto, em 1978 tentei fazer parte novamente da bateria com o então mestre TIÚ (Edson Santana Filho). Ele me disse que os instrumentos já estavam todos comprometidos e que a preferência seria para quem já havia participado no ano anterior. Perguntei se poderia tocar caso conseguisse um instrumento, e ele disse que sim. Então, como meu aniversário é geralmente perto ou no carnaval, pedi aos meus Pais um “surdinho” (surdo de pequeno porte). Eles me presentearam com o instrumento e ingressei pra valer na bateria do Sacramento Clube com 12 anos de idade. Comecei a me destacar como batuqueiro e no ano seguinte, o então Presidente do Sacramento Clube, JULIO GASPAR JERÔNIMO, mandou comprar um semi-surdo de madeira e comecei a fazer um breque (solo) e a puxar a bateria. No carnaval de 1984 e 1985, a bateria estava sem mestre e para não ficar sem desfilar, comandei a bateria mesmo estando tocando.
Em fevereiro de 1999, após o carnaval, eu, MARÍLIA a LARA SCALON e o LUIZ ENRIQUE (Gelax), começamos a esboçar um novo projeto para a bateria do Sacramento Clube, chamado BATERIA 2000, com um víeis social, em que teríamos o ingresso da garotada carente, eventos, reuniões e ensaios o ano todo. Através da ajuda de outros amigos, o projeto foi aos poucos tomando corpo. Porém, ele não foi muito bem assimilado pela Diretoria do Sacramento Clube na época. Ficamos “sem eira nem beira” e acabamos desentendendo com os mesmos em setembro daquele ano. Não podíamos ficar sem desfilar, com um projeto tão bem elaborado como o nosso, até as fantasias já haviam sido esboçadas. Fomos então conversar com o empresário PACHECO, com o apoio do MARCELINHO e do Sr. ADÃO, que nos recebeu prontamente, nos apoiou, comprou os primeiros instrumentos para a Bateria 2000 e até se dispôs a tocar. Montamos uma Diretoria com mais amigos e começamos a dar corpo ao projeto fora do Sacramento Clube. Foi uma época de ouro da bateria 2000 com a participação ativa de vários amigos e dos meus 3 filhos (Marcos Paulo, Mariah e Matheus), e minha esposa Marília. (Fotos 7). Em 2006, mudamos para a cidade de Uberlândia e nossa participação começou a ficar mais complicada. Ficamos uns 10 anos afastados do comando e da participação da bateria. Nesse período, fui convidado e participei umas 3 vezes do corpo de jurados do carnaval.
No Carnaval de 2018, recebi a visita do atual Prefeito, BAGUÁ e do BANANAL, foram me cumprimentar pelo meu aniversário e me solicitaram apoio no carnaval de
2020, ano dos 200 anos de Sacramento. Tempos depois, me encontrei com o MARCELO e com Sr. ADÃO, atuais gestores da bateria 2000, que também me convidaram a desfilar novamente, reativando a bateria e resgatando antigos batuqueiros.
Lá fomos nós novamente em família (eu, Marília, Marcos Paulo, Mariah e Matheus), minha nora Morgana, meu genro Felipe, minhas irmãs Francesca e Ângela, minha
sobrinha Isadora, meu cunhado Renato, e vários antigos amigos batuqueiros. Foi um desfile nostálgico, eletrizante e alegre, tanto que para o próximo ano já estamos fazendo novos planos de participação.
Com isso, completei 43 anos de carnaval de rua, mas, somente 42 de avenida, pois no primeiro ano fui vetado de desfilar.
O Carnaval de antigamente tinha os desfiles de rua e os bailes dos clubes. Não eram como os carnavais atuais, somente de rua, e também eram recheados de marchinhas e sambas. Logo depois, veio o axé music e mais tarde os funks atuais.
Se pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo. Carnaval é uma festa alegre, positiva. Na ocasião revemos bons amigos, faz bem ao corpo, a alma e ao coração. Só tem que ter equilíbrio para não exagerar!"
Fonte
Texto e fotos Marcos Botelho Bonatti
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Sacramento/MG