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MARIA DO CARMO MIGUEL
Personalidades do Carnaval de Sacramento
“Essa é baiana que dança e ginga na Avenida do Carnaval
A baiana que passa, cheia de graça e conquista a plateia com seu alto astral.
Essa baiana que ginga, tem muita história e sabedoria.
Essa baiana que roda e canta com alegria.
Essa é a Maria que desfila com maestria.
Essa é nossa baiana, Sacramentana.”
Maria do Carmo Miguel (Maria da Néia), nasceu aos 27 de julho de 1951. Gêmea de Maria das Graças, é a segunda filha de João Miguel do Patrocínio e Altiva dos Santos Miguel. É mãe de quatro filhos: Ciciliane, Rutinéia, Igor e Iago. Estudou até a 4º série na Escola Municipal Dr. Afonso Pena Júnior. Há vários anos é cozinheira voluntária na Paróquia de Nossa Senhora da Abadia; ela também trabalhou como doméstica em várias residências da cidade. Sua trajetória no carnaval vem desde a infância, Dona Maria relata que desfila desde criança para a Escola de Samba XIII de Maio; e também é integrante do grupo de dança Afro de Sacramento.
Maria relata que antigamente os “pretos” não entravam no Sacramento Clube para dançar; o ambiente era exclusivamente para os “brancos”. Na época, o clube era referência na cidade para o carnaval de salão e as festas tradicionais. A fim de permitir que todos participassem do carnaval, o bairro XIII de Maio (na época o maior da cidade) fundou a 1° Escola de Samba de Sacramento: o XIII de Maio em 1958; foi quando todos puderam participar desfilando na “Passarela do Samba”.
Nos primeiros anos da Escola, as reuniões e ensaios eram feitos na avenida do desfile; com o crescimento gradual de integrantes, esses festejos passaram a ser nas casas das famílias fundadoras ou em locais alugados. A partir da década de 1990, a sede social do Clube XIII de Maio foi oficializada do lado do campo de futebol.
Maria contava que a maior dificuldade era a organização do desfile, com os figurinos, carros alegóricos e os “batuques”; porque não havia incentivo financeiro, em consequência disso, eram os próprios integrantes do grupo que confeccionavam as roupas os instrumentos para poderem desfilar. O trajeto percorrido pela Escola XIII de Maio passava pela Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, avançava pela Rua Major Lima até em frente ao Hotel do Comércio e depois seguia pela Avenida Visconde do Rio Branco em frente ao Sacramento Clube. Com o passar do tempo às autoridades sacramentanas começaram a incentivar o carnaval que passou a ganhar maior visibilidade e apoio. Nessa ocasião os pioneiros e incentivadores de destaque foram: Clanther Scalon, Luiz Bonetti e Marcos Botelho.
A Escola XIII de Maio se tornou influente na cidade; outras festividades tradicionais como a Congada, Moçambique, as Coroações passaram a contar com a Escola para realizar suas apresentações marcantes.
Dona Maria destaca que a baiana de referência de sua infância, que lhe inspirava era a “Conceição”; também ponderou que Maria Antônia contribuía costurando as fantasias.
Maria já recebeu inúmeras homenagens; foi uma das 100 personalidades reconhecidas pela cidade por ocasião dos 190 anos da fundação de Sacramento; ela ainda recebeu a comenda da ordem Dr. Clemente Vieira de Araújo, maior honraria da Câmara Municipal de Sacramento, por iniciativa do então vereador Leandro Roberto de Araújo. Por duas vezes foi homenageada pela administração municipal como personalidade do carnaval sacramentano; e no ano de 2020 recebeu o troféu “Você Faz parte da História”, por ocasião dos 200 anos da cidade.
Maria é uma das pessoas mais conhecidas da sociedade de Sacramento, seja no carnaval, no trabalho ou no futebol. Ela contribuiu muito para a história cultural do município.
Fonte
Texto: Ana Maria Florentino Batista com subsídios fornecidos por Maria do Carmo Miguel / Revisão: Eliana Garcia Vilas Boas, Júlio César Pereira e Dimas da Cruz Oliveira / Foto: Acervo Pessoal de Maria do Carmo Miguel / Poema: Eliana Garcia Vilas Boas
