Personalidades do Carnaval de Sacramento
Messias da Conceição Barbosa, nasceu em 1913, sendo filha de João Pereira Guimarães e dona Ana Barbosa Guimarães; sua infância foi simples, ela cresceu em um lar humilde e alegre em companhia dos oito irmãos, Ruth, Rosária, Bendita, Joanita, Agostinho, Aleixo, Antônio e o parceiro de farras, o Azor.
Messias da Conceição estudou no antigo colégio Allan Kardec, o primeiro colégio Espírita do Brasil, fundado no dia 31 de janeiro de 1907, por Eurípedes Barsanulfo, na ocasião conheceu Dona Corina Novelino e Maria da Cruz. No colégio aprendeu a ler e a escrever, o que não era comum na época.
Ainda jovem encontrou o amor da sua vida, se apaixonou e casou com Neném Martins Soares; dessa união veio o filho Eurípedes Pereira Guimarães. Como era moça alegre e muito conhecida, fundou o seu cordão de carnaval onde desfilavam as morenas mais bonitas da época; assim, seu bloco tinha a “Ditinha, Cirene, Santinha, Efigênia, Negrinha, e a Tionila”, que era a porta-bandeira.
Por mais de 30 anos desfilou pelas ruas a vistosa baiana, com seu gingado peculiar; além disso, os objetos utilizados pelos sambistas e passistas, assim como os da sua bateria, eram comprados por ela e pelos integrantes do seu cordão com seu próprio suor.
As músicas eram sempre um sucesso total, Conceição comprava os folhetins de músicas e exigia rígidos ensaios, que em alguns anos ocorriam com três meses de antecedência. Sua vestimenta era costurada meses antes, pela saudosa tia Tita do Livico. E quando saía com seu cordão, por onde passava era acolhida com um mar de serpentinas, confetes e muito samba no pé. Sempre que desfilava, gostava de posar para uma fotografia; era bonita, com traços perfeitos.
Conceição foi e será uma grande referência carnavalesca para os sacramentanos; seu nome foi cravado na história do carnaval de Sacramento e seu legado permanecerá vivo na memória de todos os nossos carnavalescos. Na escola de samba XIII de Maio, Conceição é reverenciada por todos.
Em homenagem a essa grande personalidade, em 1979, já "in memoriam", o coordenador do carnaval da época, Amir Salomão, criou o “troféu Conceição” que seria concedido à escola de samba que conquistasse o tricampeonato. Nesse mesmo ano a Escola de Samba Mocidade Alegre Sacramentana criou o samba enredo de Paulo César Pereira, de ovação à própria escola, sob o título “A volta da Mocidade”, que na última estrofe prestou homenagem a Conceição.
“Roda Baiana!
Roda Baiana com seu vestido de Balão
Levanta poeira do Chão
Roda...Roda....
Com seu passo no compasso do meu coração;
Pois o seu rodado .... e seu Gingado......
Enche de amor meu coração;
Com o seu passo... e seu compasso....
Nos lembra a nossa querida Conceição”.
Em 2020 foi uma das homenageadas no carnaval dos 200 anos de Sacramento/MG, sob o título: “Eu Faço Parte Dessa História” pelo prefeito Wesley de Santi de Melo.
Dona Messias da Conceição Barbosa faleceu em 29 de setembro de 1961, dia que o samba de nossa terra ficou em luto, pois falecia, aos 48 anos, uma grande personalidade do carnaval de Sacramento.
“Morreu. Morreu Conceição...
A saudade ficou, no meu coração,
Ai, ai que dor...
A rainha morreu, nosso rei é o Azor.”
Esse foi o samba enredo com que o “Cordão Conceição”, desfilou no ano seguinte e que foi eternizado junto aos sambistas sacramentanos.
Referência:
Jornal “É Notícia”. Mulheres Sacramentanas que fizeram história, Sacramento, 19 de março de 2022, edição nº 378. Ano VIII, pág.07.
Jornal “O Estado do Triângulo”. Mocidade Volta Campeã, Sacramento, 15 de março de 1987, ano XIX, n° 330.pág. 01.
Jornal “É Notícia”. Ruth Barbosa, Conceição Barbosa e Azor Guimarães: E o Carnaval de Sacramento, Sacramento, 15 de fevereiro de 2020, edição nº 271- ano IV. pág.05.
Fonte
Texto: Luiz Alberto Silva e Eliana Garcia Vilas Boas Caricatura: Denis Balduíno / Arte: Alessandro Abdala
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