Ao percorrer a movimentada Avenida Visconde do Rio Branco, muitos podem não perceber que um dos edifícios que hoje se mistura à paisagem urbana é, na verdade, um notável remanescente histórico do início do século XX. Devido a várias intervenções ocorridas na fachada, como a instalação de toldos e letreiros das lojas que agora ocupam o imóvel, a estrutura, que um dia compunha harmoniosamente a paisagem da avenida se transformou ao longo do tempo. Porém, por trás dessas adaptações contemporâneas, reside um rico passado histórico e uma herança arquitetônica que merece ser revelada.
As raízes históricas desse edifício remontam a 1937, quando o espólio de Julieta Santos Moura incluiu a propriedade. Nessa época a construção, composta por dez cômodos, servia tanto como espaço comercial, com três portas de aço, quanto moradia. Em 1958, João Alfredo de Moura assumiu a propriedade. Posteriormente, em 1976, Epaminondas de Melo Bernardes se tornou o proprietário, quando o edifício, reformado, já contava com doze cômodos. Uma parte do amplo espaço comercial foi subdividida em três lojas separadas.
Em 2001, a residência passou por uma reforma significativa que o adaptou para abrigar um restaurante. Apesar das mudanças, a fachada original, de estilo eclético, foi preservada, mantendo assim a integridade arquitetônica do passado.
Em resumo, a residência foi transformada em restaurante, passando a abrigar as instalações do restaurante "Fogão a Lenha" a partir de 2022. Em 2023, as lojas comerciais presentes no local incluem "Pintando o 7", "Mini Mú" e a loja de fotos Wellington.
A estrutura deste edifício é um testemunho da construção da época. Seu embasamento é feito de pedra, enquanto os pisos apresentam uma mistura de taco, ladrilho e cerâmica. A alvenaria, construída com tijolos cerâmicos, desempenha uma função estrutural essencial. A cobertura é feita de madeira, com telhas cerâmicas do tipo francês.
Uma característica notável da fachada é a presença de platibanda com detalhes arquitetônicos distintos. Dois arcos decorativos adornam as laterais, enquanto um desenho retilíneo ocupa o centro. A distribuição equilibrada desses ornamentos confere um charme singular à fachada. Além disso, uma cornija complementa o design, refletindo o mesmo padrão decorativo encontrado na parte superior da platibanda.
Esse imóvel localizado na Avenida Visconde do Rio Branco é um exemplo fascinante da evolução arquitetônica da cidade de Sacramento. Apesar das modificações ocorridas ao longo dos anos, a estrutura conserva elementos arquitetônicos que remontam a eras passadas, para todos interessantes, continuando assim a enriquecer a identidade da cidade.
Este texto faz parte do Projeto 'Arquitetura e Memória: Inventariando o Patrimônio Edificado de Sacramento', que tem como objetivo divulgar a história das edificações de valor cultural e arquitetônico em Sacramento.
Referências:
CERCHI, Carlos Alberto. Memória Fotográfica de Sacramento: 1900-2000. Uberlândia MG: Gráfica Brasil. 2004.
ABDALA, Alessandro; ALMEIDA, Fernanda Cerchi Bonatti; BOAS, Eliana Garcia Vilas; BORGES, Adriana Gobbo; SILVA, Flânder Gustavo Alves; BIANCO, Luiza Coelho Del; MARQUES, Pablo Henrique de Almeida. Inventário do Patrimônio Cultural de Sacramento. Sacramento, 2021. Documento disponível no Arquivo Público Municipal de Sacramento.
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