A Praça Getúlio Vargas, a principal de Sacramento, constitui um verdadeiro tesouro quando se trata da história arquitetônica da cidade. Ela também foi um ponto de encontro emblemático no passado. Localizada no coração da cidade, a praça é cercada por construções históricas do início do século XX, caracterizadas pelo estilo eclético que permeia a paisagem urbana.
O majestoso Paço Municipal e a imponente Basílica acrescentam um ar de grandiosidade ao local, tornando-o um cenário perfeito para a realização de encontros sociais e eventos importantes. No entanto, o que torna essa praça verdadeiramente única é o seu calçamento, que reproduz as icônicas ondas da calçada de Copacabana. Além disso, a pavimentação das ruas circundantes, feita de pedras basálticas, juntamente com as construções antigas, evoca uma atmosfera nostálgica que envolve quem percorre o logradouro, fazendo com que cada visita seja como uma jornada no tempo.
Assim como muitas cidades do Brasil, Sacramento teve sua origem nas proximidades de um marco religioso, a Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, que tinha o cemitério em derredor. Entretanto, a manutenção do cemitério começou a perturbar a população no final do século XIX. Em 13 de dezembro de 1872, a Câmara Municipal recebeu um abaixo-assinado exigindo a retirada dos muros do Adro da Matriz, que obstruíam o livre trânsito na rua principal, bem como a remoção de éguas que causavam problemas na cidade. Um ano e meio depois, em 12 de julho de 1873, a Câmara Municipal enviou um ofício ao Vigário, instando-o a escolher outro local para a construção de um novo cemitério.
Após a desativação do antigo cemitério, a ideia de construir uma praça em frente à igreja foi sugerida, mas ainda decorreram alguns anos até que a construção da praça fosse iniciada. Durante esse intervalo, o terreno serviu como local de descanso para carros de boi e como abrigo para éguas e cavalos de rua.
Após inúmeros pedidos dos moradores para a construção de uma praça central, o agente executivo Franklin Vieira inaugurou o Jardim Municipal em 22 de maio de 1926, plantando ali a primeira árvore e realizando uma quermesse oferecida pela Associação das Mães de Família, Caixa Escolar e Dispensário dos Pobres. Em 18 de setembro de 1926, o jardim recebeu o nome de Parque Cel. Franklin, sugerido pela população, conforme noticiado no jornal A Semana em 9 de maio de 1926: "[...] propõe amistosamente que nosso principal logradouro público seja chamado de Parque Cel. Franklin, em homenagem ao líder de nosso governo, que acabou de dotar nossa cidade desse notável melhoramento, cuja próxima inauguração enche de contentamento o povo."
Desde a inauguração até os dias atuais, o parque passou por diversas reformas e, na década de 1940, recebeu o nome de Praça Getúlio Vargas. Sendo o coração da cidade, a praça abriga uma série de eventos, incluindo celebrações tradicionais como a festa de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, padroeira da cidade, a procissão de Corpus Christi e o desfile de 7 de setembro.
A Praça Getúlio Vargas exibe uma arquitetura singular, com jardineiras poligonais em pedra que abrigam palmeiras de diferentes tamanhos. Mosaicos de pedra no chão reproduzem flores e, nas calçadas, mosaicos coloridos recriam as ondas da calçada de Copacabana. Escadas definem níveis, e no centro, um coreto de alvenaria, cercado por uma grade de metal, representa notável característica, tornando a praça um local encantador e repleto de detalhes arquitetônicos.
Certamente, a Praça Getúlio Vargas, com sua arquitetura única e sua rica história, é uma peça do patrimônio arquitetônico que celebra a tradição e a evolução da cidade. Ela é um marco na história do núcleo urbano e tem lugar especial na vida de muitos habitantes.
Este texto faz parte do Projeto 'Arquitetura e Memória: Inventariando o Patrimônio Edificado de Sacramento', que tem como objetivo divulgar a história das edificações de valor cultural e arquitetônico em Sacramento.
Referências:
ALMEIDA, Fernanda Cerchi Bonatti; BOAS, Eliana Garcia Vilas; e, MARQUES, Pablo Henrique de Almeida. Inventário do Patrimônio Cultural de Sacramento, 2022. Consulta realizada no Arquivo Público Municipal de Sacramento.
CERCHI, Carlos Alberto. Memória Fotográfica de Sacramento: 1900-2000. Uberlândia MG: Gráfica Brasil. 2004.
Atas da Câmara Municipal de Sacramento anos 1872 a 1930
JORNAL A SEMANA. Sacramento- MG, ano I, n. 41, 9 de maio de 1926.
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