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Residência de José Afonso Borges

A antiga Avenida Municipal, atualmente denominada Avenida Benedito Valadares, destaca-se como uma das principais vias urbanas da cidade, abrigando uma concentração de estabelecimentos comerciais, bancos e algumas residências. Essa avenida conecta o bairro central ao bairro Rosário, exibindo uma mistura de construções que remontam ao final do século XIX e início do século XX, além de edifícios mais recentes, como o prédio de 11 andares.

A localidade tornou-se alvo da especulação imobiliária, resultando na demolição ou descaracterização de muitos dos antigos casarões para dar lugar a estabelecimentos comerciais. Entre as poucas estruturas que resistem à transformação do cenário, destaca-se a antiga residência de José Afonso Borges, conhecido como Zé do Pandó, neto do Coronel José Afonso de Almeida, que também possuía uma suntuosa moradia na mesma avenida.

Conforme registros, em 1936, a residência fez parte do inventário de Frederico Peiró, marido de Augusta Peiró. Antes dessa data, não foram encontradas informações detalhadas sobre a propriedade. Posteriormente, a residência passou para as mãos do irmão de Augusta, José Afonso Borges, onde permaneceu como lar de sua família até sua morte. Atualmente, a residência ainda está sob a posse da família.

Durante certo período, uma parte do edifício abrigou uma escola. A construção abrange três residências geminadas, embora não se saiba se foi originalmente concebida assim ou se passou por ampliações ao longo do tempo.

Atualmente, a construção possui dois propósitos: residencial e comercial. A parte comercial destina-se às salas que estão voltadas para a avenida.

A residência, em estilo eclético, apresenta uma fachada com desenhos simples, contornada em todo seu perímetro por uma cornija. O alpendre, elemento distintivo do ecletismo, está presente apenas na residência principal, mantendo-se bem preservado, com um forro de madeira ricamente trabalhado e pisos de ladrilho originais. Os pisos variam entre tabuado liso nos quartos e salas, ladrilhos em áreas úmidas, forros de madeira, esquadrias de madeira e vidro. Destaca-se também o pé-direito alto. Quanto ao sistema construtivo, inclui um embasamento de pedra, alvenaria estrutural, paredes de tijolos e cobertura com estrutura de madeira e telhas cerâmicas francesas.

Em meio às transformações impostas pela especulação imobiliária, a preservação deste patrimônio não é apenas um ato de conservação histórica, mas um investimento na preservação da narrativa coletiva que molda a comunidade. Ao manter viva essa construção eclética, com sua rica arquitetura e a dualidade de usos, garantimos que as gerações futuras possam se conectar com as raízes da cidade, compreendendo a evolução que moldou sua atualidade.

A preservação não é apenas uma salvaguarda do passado, mas uma afirmação contínua da identidade cultural e histórica que esta construção representa, contribuindo para a construção de uma cidade que valoriza e celebra sua herança arquitetônica como parte integrante de sua própria essência.

Este texto faz parte do Projeto 'Arquitetura e Memória: Inventariando o Patrimônio Edificado de Sacramento', que tem como objetivo divulgar a história das edificações de valor cultural e arquitetônico em Sacramento.

Referências:
ABDALA, Alessandro; ALMEIDA, Fernanda Cerchi Bonatti; BOAS, Eliana Garcia Vilas; BORGES, Adriana Gobbo; SILVA, Flânder Gustavo Alves; BIANCO, Luiza Coelho Del; MARQUES, Pablo Henrique de Almeida. Inventário do Patrimônio Cultural de Sacramento. Sacramento, 2021. Documento disponível no Arquivo Público Municipal de Sacramento.


BERNARDES, Renata Resende. Inventário do Patrimônio Arquitetônico de Sacramento. Tese de graduação em Arquitetura e Urbanismo. UNIFRAN, 2002: Franca, SP.

A Associação Companhia Movimento Cênico é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 29 de janeiro de 2011

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Avenida Coronel José Afonso de Almeida, nº 250 -
CEP 38.1900-000 -
Sacramento/MG