A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi fundada no início da década de 1870 e obteve concessão do governo imperial, em 1873, para construir o trecho Campinas – Mogi Mirim, o ramal de Amparo e a extensão do ramal Ribeirão Preto- Araguari até as margens do Rio Grande. Em 5 de março de 1888, a Mogiana inaugurou a Estação de Jaguara, marcando sua chegada à então província de Minas Gerais.
Desde 1887, a Câmara Municipal de Sacramento registrou a necessidade de construir uma estação ferroviária na região. Devido à presença de um porto fluvial em Jaguara, onde mercadorias eram comercializadas entre as províncias de Minas Gerais e São Paulo, essa localidade foi escolhida para a construção da estação ferroviária.
O trecho até o Rio Grande era denominado Linha do Rio Grande e, após a travessia da corrente, passava a ser chamado Linha do Catalão; na época, a região contava com estações como: Sacramento (Cipó), Jaguara, Conquista e Engenheiro Lisboa.
A arquitetura da Estação de Jaguara seguia o estilo inglês, com tijolos à vista e uma estrutura de ferro importada da Inglaterra, para sustentar o telhado. Esse sistema construtivo era comum em pequenas estações ferroviárias em todo o país, sempre seguindo o modelo inglês. Os tijolos à vista eram usados em molduras, acrotérios e pináculos, proporcionando um toque requintado ao edifício. O telhado era coberto com telha francesa importada de Marseille.
Além do edifício principal, o complexo incluía armazéns, a casa do chefe da estação e várias acomodações para os empregados, tudo conjugado em um só prédio. Também havia uma casa geminada destinada aos funcionários.
A Estação de Jaguara desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de toda a região, atuando como ponto de exportação de arroz e café via ferrovia até o porto de Santos. Ela também desempenhava um papel crucial na importação de mercadorias para abastecer o mercado interno da cidade; além disso, a estação era um importante ponto de embarque e desembarque de passageiros, conectando pessoas de diversas localidades e até mesmo países, se pensarmos no intenso fluxo migratório, sobretudo de origem italiana, que por lá passou.
Em 1988 foi comemorado o centenário da construção da estação com a emissão de um selo comemorativo pelos Correios. No ano seguinte o Conjunto Ferroviário de Jaguara foi tombado pelo Patrimônio Municipal através da Lei nº209 de 04 de abril de 1989, atualmente a área da Jaguara é propriedade particular do Sr. Mário Eduardo Borges Barreto; e a construção carece de cuidados.
Mesmo após décadas de abandono, a Estação de Jaguara ainda continua a exibir seu perfil marcado pela beleza e a imponência, em meio à vegetação que cresceu ao seu redor.
Referências.
BORGES, Adriana Gobbo; LIMA, Virgínia Dolabela de; e, SANTOS, Raquel Rezende Dos. Dossiê de tombamento: Conjunto Ferroviário da Jaguara. Sacramento, 2009. Documento disponível no Arquivo Público Municipal de Sacramento.
CERCHI, Carlos Alberto. Memória Fotográfica de Sacramento: 1900-2000. Uberlândia MG: Gráfica Brasil. 2004.
CERCHI, Carlos Alberto. Os Bondes de Sacramento. Uberaba - MG: Pinti-Editora Artes Gráficas, 1991.
Estações Ferroviárias do Brasil: Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1888-1971) FEPASA (1971-1976). Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/j/jaguara.h..., acessado em 12-12-2023.
LANNA, Ana Lucia Duarte. SciELO - Brasil - Trabalhadores das Ferrovias: A Companhia Paulista de Estrada de Ferro, São Paulo, 1870-1920. Varia hist. 32 (59), May-Aug, 2016 Disponível em:
https://www.scielo.br/j/vh/a/kYNpr4Kt6mTwsbTBMyW3T...
,acessado em 12-12-2023.
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