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Amélia Borges Loiola: uma mulher à frente de seu tempo

Projeto Talentos da Escrita

Amélia Borges Loiola é popularmente conhecida por Déa, apelido dado pelo seu avô, professor João Derwil Miranda. Ela é natural de Sacramento, nasceu no dia 04 de outubro de 1931, filha de José Fidelis Borges e Natalina Miranda Borges. Irmã de Tasso de Miranda Borges, Maria Aparecida Borges Afonso, Helena Borges Jerônimo, Vicente Salete Borges, Rafael de Miranda Borges, Maria José Miranda Borges.

A sua infância foi cheia de alegria e amizade; ela recorda que na “Rua dos Fazendeiros”, brincava com seus amigos de bolinha de gude, pique esconde, futebol, pula corda entre outras brincadeiras. Déa cursou o primário na Escola Estadual Dr. Afonso Pena Júnior. Quando mudou – se para Uberaba iniciou o Curso do Comércio no Colégio Santa Terezinha, mas não o completou, pois retornou com a família para Sacramento, onde deu sequência aos seus estudos, cursando o ginásio na Escola Normal de Sacramento, mas não concluiu.

Antes de se casar, lecionou no Grupo Escolar Dr. Afonso Pena Júnior, naquele tempo não havia exigência do diploma de ensino superior, sendo necessário apenas comprovar a competência para lecionar; por conta disso, Dona Déa começou a atuar como professora aos 17 anos. 

Em 1949, casou-se com Elias Loiola (in memoriam); dessa união nasceram seis filhos: Antônio Maria Claret Loiola, Nancy Maria Loyola, Maria Aparecida Loiola Veiga, Francisco de Assis Loiola, Luciano Loiola e Frederico Loiola. Após o matrimonio, ela deixou de lecionar e se mudou para a roça com o marido. A vivência no campo foi desafiadora, porém muito prazerosa; aos poucos, Déa foi aprendendo os afazeres da roça, como por exemplo, cuidar das plantas e dos animais.  

Déa recorda que o marido era um grande companheiro e a auxiliava nos afazeres domésticos; naquela época, essas atividades eram exclusivas das mulheres, não sendo comum a presença masculina na cozinha. Anos depois, Déa retornou com a família para a cidade de Sacramento e “transgrediu certas regras, severamente impostas pela sociedade conservadora e de padrões rígidos”; sua ousadia e determinação inspirou mulheres casadas a frequentar a Praça de Esportes. 

Déa é sensível e inteligente, desde cedo demonstrou habilidades para as artes, principalmente para as artes plásticas e literatura; o incentivo pela leitura e escrita ela recebeu da professora e tia, Ismalita Derwil de Miranda.  Ela começou a rascunhar seus poemas em sua adolescência; a inspiração poética veio após uma desilusão amorosa, quando começou a expressar seus sentimentos em forma de pequenos textos intimistas, verdadeiras revelações sobre sua vida.  

Seu primeiro livro foi publicado em 2002, sendo intitulado “Janelas da Alma”; e retrata a sensibilidade da autora com poesias comoventes.  Seu potencial artístico também pode ser visto através das inúmeras obras de arte pintadas por ela, que demonstram sua paixão pela paisagem urbana e pela natureza, assim como a sensibilidade de uma mulher que conseguiu expressar-se através das artes.  
 
Dona Déa é uma admiradora da natureza; aos finais de semana costuma ir para o rancho onde se dedica ao cuidado das plantas e à observação dos pássaros; por conta disso, relata: “quando a inspiração vem, eu escrevo no meu caderno de rascunhos, mas hoje, eu não falo sobre o meu pessoal, retrato os momentos, as paisagens e a natureza.” Ela também diz que gosta “de estar sempre na ativa, participando das práticas culturais, aprendendo” e ainda “me informando do mundo, em minha opinião sempre temos que ter emoção e amor, não basta apenas o pensamento”. 

Déa é dinâmica e participa ativamente da vida comunitária e social de Sacramento, participa do grupo intitulado “Meimeis” sediado na antiga casa de Heigorina, cujas atividades são voltadas à população carente. Também faz parte do grupo de costura no Colégio Allan Kardec, dirigido pela Denise Resende. De forma autêntica e incisiva Déa externou seu amor por Sacramento com a frase: "Eu amo muito o povo, a cultura, sou enraizada aqui, Sacramento é o meu caminho”.

Homenagens:

Em 2003, Déa recebeu na Câmara Municipal de Sacramento a comenda da ordem do mérito legislativo Dr. Clemente Vieira de Araújo, pela então vereadora Hilma Terezinha Nascimento e Fonseca. 

Em 2020 na ocasião dos 200 anos de Sacramento, no Dia Internacional da Mulher, Déa foi escolhida para ser uma das 200 mulheres homenageadas pela Prefeitura Municipal de Sacramento, e na data plantou a árvore de sua família no Bosque do bicentenário: Professora Balta dos Reis Bizinoto.

Em 2021, no Dia Internacional da Mulher, Déa foi homenageada pela Prefeitura Municipal de Sacramento, através da Secretaria de Cultura. 

Em 27 de outubro de 2021, em comemoração alusiva ao dia do poeta, Déa foi homenageada pela Prefeitura Municipal de Sacramento, através da Secretaria de Cultura. 

É, portanto, com profunda satisfação que a Associação Movimento Cênico, homenageia a poetisa Amélia Borges Loiola com a publicação de sua biografia no projeto “Talentos da Escrita: Revelando os Escritores de Sacramento”.

Referências:

Subsídios fornecidos por Amélia Borges Loiola e Nancy Maria Loyola em entrevista concedida a Ana Maria Florentino Batista e Eliana Garcia Vilas Boas.

Sobre as autoras:

Fonte

Texto: Ana Maria Florentino Batista/ Eliana Garcia Vilas Boas/Revisão: Dimas da Cruz Oliveira