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Joaquim Eustáquio de Oliveira

Projeto Talentos da Escrita

Joaquim Eustáquio de Oliveira nasceu em Sacramento, Minas Gerais, na localidade chamada Caxambu, em 09 de março de 1960, sendo filho de Antônio Marques de Oliveira e Doralice Maria dos Reis.


A sua vida escolar começou na cidade, na EE Afonso Pena Júnior (o tradicional “Grupão”); lá ele cursou parte do 1º ano, completando o antigo primário no Colégio Allan Kardec. As primeiras séries do ginásio foram cursadas na EE Cel. José Afonso de Almeida, até o início da sétima série. Anos depois, ele concluiu o ensino fundamental e o ensino médio através do curso supletivo, por exames de massa. Hoje é graduado em Letras pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Monte Carmelo (FUCAMP - Fundação Carmelitana Mário Palmério).


Muito cedo, com apenas sete anos, começou a trabalhar em fazendas da região; depois, nas reflorestadoras do município de Sacramento. Ainda adolescente se mudou para São Paulo, onde trabalhou na área da construção civil; empregou-se, depois, como motorista na construção do aeroporto de Confins, na região de Belo Horizonte; também trabalhou na ferrovia dos Carajás, no Pará. Desde o final de 1981 até 1986 esteve trabalhando no Iraque como feitor de transporte pesado e operador de máquinas pesadas em duas grandes obras: a Rail way (ferrovia) e a Express way (rodovia), em quatro contratos de nove meses cada um. 


Durante os cinco anos em que permaneceu no Iraque ele conheceu vários lugares históricos, tais como a capital Bagdá e as ruínas da antiga metrópole da Mesopotâmia: Babilônia. Entre as idas e vindas dessas viagens, visitou também vários países como Itália, Portugal, Alemanha, Áustria e Estados Unidos.


Ele ainda trabalhou em transportadoras de minério de ferro, na região de Belo Horizonte e como motorista de táxi em Ribeirão Preto (SP). Por um ano trabalhou no Estado de Minas Gerais como motorista da Delegacia de Ensino de Monte Carmelo (MG). Nos últimos vinte e dois anos, trabalhou na Prefeitura de Monte Carmelo (MG). Após a aposentadoria, se tornou motorista de Uber em Uberlândia; tempos depois deixou a função e foi trabalhar como motorista de ambulância em Monte Carmelo.
Muito criativo, escreveu: “Memórias de um menino do Borá”, um tributo à sua mãe, que ficou viúva muito cedo e trabalhou duro para educar ele e seus sete irmãos; ela faleceu no ano de 2021 com 94 anos de idade.


 O primeiro dos seus livros apareceu nos anos 90, por ocasião de um concurso de literatura em São Paulo; foi quando ele escreveu, a fim de participar, “Um brasileiro na terra de Alá”, baseado em aventuras vividas no exterior. Antes, ele tinha escrito alguns manuscritos, dentre os quais uma história completa em formato de cordel, denominada “Uma história do sertão”. Anos mais tarde, fez uma compilação, também, de seus poemas, dando a esse terceiro livro o título de “Momentos de uma Vida Comum”, o mesmo título de um dos poemas do livro. Seus três livros estão disponíveis no site da editora PerSe e podem ser adquiridos tanto no formato físico quanto em e-book.


Ele também gosta de declamar, atuar e dirigir peças teatrais. Ele diz que essa veia artística lhe veio da professora Alzira Bessa Amui, à qual se refere no livro “Memórias de um menino do Borá”, e do professor Walmor Júlio da Silva, da escola Coronel. O livro é um conjunto de memórias de sua infância e juventude em Sacramento, mostrando as dificuldades que foram enfrentadas na época: desde a perda de seu pai ainda muito novo, a difícil adaptação à vida na cidade depois de deixar a zona rural, as brincadeiras de rua que existiam na época, o contato com a natureza nadando nos poços do Borá - que nessa época não era, absolutamente, poluído - e os relatos sobre a divisão do tempo entre trabalhar e estudar, a par de outras experiências vividas.   


Sua atividade de lazer preferida em nossa cidade, na época da juventude, era ir ao cinema Cine Capitólio e passear no jardim da Praça Getúlio Vargas. Ele gostava também das festas dançantes que a juventude fazia nas casas de famílias e nas escolas; e foi adepto do boxe e musculação, ainda na juventude.


Na faculdade, ele participou de vários encontros culturais, tendo declamado vários poemas como o “Cântico Negro de José Régio”; Poema “(Saudade?) Sodade”; “A terra continuará sempre girando”, de sua autoria, assim como outro poema que compôs num momento de muita mágoa: “Apenas um nome escrito numa pedra fria”, pois foi humilhado pelo então prefeito municipal. Foi quando, passando pelo cemitério e olhando as lápides, veio-lhe o pensamento de que aquele homem seria, futuramente, apenas um nome inscrito numa pedra fria.  Todos os poemas podem ser acessados através do youtube. 

Casou-se, em 1990, com Luseni, em Monte Carmelo (MG), com quem teve duas filhas: Jeanny, formada em Engenharia Civil (Uniube) e Laysla, que se formou em Relações Internacionais (Faculdade Esamc de Uberlândia). Atualmente reside em Monte Carmelo (MG). “Como ele próprio disse,  ...minha vida é muito rica, cheia de histórias. O escritor escreve o que pensa, o poeta o que sente.” 


Apenas um nome escrito numa pedra fria.

Apenas um nome escrito numa pedra fria,
É o que restará de nós no futuro, algum dia..
De tudo que pensamos que somos ou fizemos,
Será toda a importância que teremos,
Apenas um nome escrito numa pedra fria.

Nunca conquistarei totalmente o que mais queria,
Porque sou impulsionado pelo egoísmo e não harmonia,
A vida é uma dádiva de Deus e nem percebemos, 
Ficamos tristes, inconformados, não vivemos
E seremos, apenas, um nome escrito numa pedra fria. 

Ninguém é melhor do que ninguém e nem mesmo poderia,
Para aquele que julga que o poder do dinheiro o diferencia,
Apenas ossos revestidos com carne perecível, que desalento!
Essa realidade sempre aumentando seu tormento,
Porque também será, apenas, um nome escrito numa pedra fria.

Desde o início do mundo existe essa constante letargia,
Muitos existiram sem compreender que importância a vida teria,
Sempre os que se julgam maiores escravizando os pequenos,
E esses, sem perceberem que são maiores, fazem com que meditemos,
A justiça de ser, apenas, um nome escrito numa pedra fria.

O que conta é o que podemos plantar no nosso dia-a-dia,
Alguma coisa como doação, dedicação, amor e alegria,
Porque o resto é matéria se transformando a cada momento,
Esclarecendo cada vez mais esse doloroso sentimento,
Que poderá ser, apenas, um nome escrito numa pedra fria.

Não somos os primeiros nem os últimos com essa melancolia,
Nossa única certeza é que apesar de tudo, nada importaria,
Se soubéssemos de onde viemos e para onde iremos,
Quebrando o nosso orgulho e nosso egoísmo, desprendemos...
Porque seremos apenas um nome escrito numa pedra fria.

 

Obras publicadas: 

“Um brasileiro na terra do Alá” – 2015
“Memórias de um menino do Borá” –  2017 
“Momentos de uma vida comum” – 2015
“Uma história do Sertão” – 2015
“Circo Arco-íris”- 2018
A Curva da Pedra Grande – 2018 
A árvore dos enforcados- 2017

 

Referências: 
Jornal O Estado do Triângulo. Entrevista – Joaquim Eustáquio de Oliveira: O moleque do Borá que virou escritor. Edição nº 1572 - 26 de Maio de 2017. Disponível em: https://www.etnews.com.br/noticias/entrevistas/2010/entrevista-%E2%80%93-joaquim-eustaquio-de-oliveira-o-moleque-do-bora-que-virou-esc: acessado em 24 de janeiro de 2022.  

Sobre a autora:

Adriana Gobbo Borgesformada em História pela Uniaraxá (2001). Pós- Graduada em Historiografia Contemporânea: novas perspectivas para o ensino e a pesquisa em história (2005). Adriana é membro  do Conselho Municipal de Turismo e do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, atualmente trabalha na Secretaria Municipal de Cultura de Sacramento e nas horas vagas dedica -se aos seus netos e a prática da costura. 

Fonte

Subsídios fornecidos à Adriana Gobbo por Joaquim Eustáquio de Oliveira, em 24/01/2022. 

A Associação Companhia Movimento Cênico é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 29 de janeiro de 2011

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